José Varela Rodrigues
A alimentar a tendência identificada pelo FT, alia-se o discurso do Governo que vê o interesse estrangeiro em Portugal como arma contra o declínio da taxa de natalidade no país.
Portugal é considerado um país fora da ‘bolha’ dos populismos que, tendo em conta alguns benefícios fiscais, a diminuta taxa de criminalidade e a paz política e social, tem conseguido atrair cada vez mais investidores imigrantes brasileiros. De acordo com o “Financial Times” (FT), o ambiente social do país é a origem do interesse dos estrangeiros.
“Dezenas de milhares de imigrantes do Brasil, que tem uma das maiores taxas de homicídios no mundo”, chegam a Portugal atraídos pela sua relação aberta da com os estrangeiros, tendo uma “sociedade amplamente livre de populismos, nacionalismos e um sentimento anti-imigrante”.
De acordo com o jornal anglo-saxónico, que cita alguns analistas, a paz social vivida no país é vista como uma vantagem competitiva para os investidores que encontram em Portugal “força de trabalho qualificada e uma qualidade de vida atraente”.
Numa altura em que o mundo vive períodos de incerteza social, política e económica, também provocados pelo conflito comercial entre os EUA e a China e pelo imbróglio processual que se tornou o Brexit, Portugal destaca-se no que diz respeito à atratividade ao investimento estrangeiro. “Os principais fatores de decisão para o investimento foram a qualidade de vida e a estabilidade do clima social”, explicou a associada da EY Portugal Florbela Lima ao FT.
Mais, Portugal é considerado o terceiro país mais pacífico do mundo, apenas atrás da Islândia e Nova Zelândia, segundo o Índice de Paz Global 2019, e foi considerado o 34.º país mais competitivo em 2018 – dados do Forum Económico Mundial.
A alimentar a tendência identificada pelo FT, alia-se o discurso do Governo que vê o interesse estrangeiro em Portugal como arma contra o declínio da taxa de natalidade no país.
“Portugal precisa de imigrantes para sustentar uma taxa de crescimento acima da média da zona do euro, como nos últimos dois anos”, lê-se no FT. O primeiro-ministro já disse publicamente que a imigração é essencial para combater a crise demográfica do país.